Filmes de Guerra, Canções de Amor

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Feriado de Páscoa em casa, a maior parte do tempo sozinho. Devia trabalhar, mas não consegui fazer praticamente nada. Botei em dia os filmes que eu queria ver faz algum tempo. E me lembrei de uma coisa que eu já queria ter escrito antes.
Todo mundo me alerta pra cuidar com filmes românticos, que vou chorar e tal e coisa. Claro que tem certas cenas que realmente são fortes, bonitas ou tocantes. Mas a grande maioria dos filmes chamados românticos são coisas bobas, simplistas demais, não me despertam aquele sentimento de identificação com os personagens.
Casais se conhecem em situações inusitadas, caindo de amores, perdidamente. Para todo o sempre. Parece que é impossível encontrar uma nova paixão sem sair da rotina do dia-a-dia. Além disso, fora da nossa "zona de conforto" normalmente ficamos mais tímidos e retraídos, dificultando ainda mais a interação social. Sem contar que é possível que, enquanto um esteja fazendo um esforço para fazer algo diferente, essa mesma coisa pode ser completamente natural para o outro, o que pode levar a conflitos e discussões.
Mas nesses filmes qualquer discussão é resolvida em minutos, qualquer briga é logo resolvida, normalmente com beijos e abraços apaixonados, seguidos de pedidos de desculpas de ambos os lados. Mesmo questões de princípios pessoais são deixadas de lado de uma maneira tão rápida que a história do personagem, sua formação como indivíduo, é jogada fora para que não interfira com a incrível estória de amor.
O Amor, com maiúscula mesmo, está vinculado com um entendimento de quem você realmente é e quem o outro é. É saber o que é importante e aquilo que pode ser deixado de lado. É um compromisso em tentar ser o melhor que você pode ser para o outro, é entender que o outro erra, mesmo querendo o seu bem. Que você erra, querendo o bem do outro. E mesmo assim os dois brigam e discutem, porque são duas pessoas diferentes, com vivências e experiências distintas, com necessidades e vontades únicas.
O Amor está no equilíbrio entre satisfazer as suas necessidades e abrir mão daquilo que não é fundamental para você mas pode significar o mundo para o outro. E se essas coisas não são compatíveis, saber conversar para resolver os problemas. Em qual filme romântico isso realmente acontece?
Por isso que eu gosto do que eu chamo de filmes de relacionamento, não filmes de amor. O que importa mesmo é a relação entre os personagens, o vai-e-volta, os sentimentos conflitantes que surgem, as brigas e os diálogos entre os personagens. Normalmente esse tipo de filme não é tão apreciado quanto os romancezinhos água-com-açúcar, mas no final parece que você levou uma surra sentimental. Ao contrário de lutar contra tudo e todos para ficar com a outra pessoa, é uma luta completamente interior, onde se enfrenta os próprios medos e angústias, aflições e traumas, para finalmente se entregar à paixão.

Não é impossível de acontecer uma história de cinema, mas a ideia de "felizes para sempre" não é uma consequência inevitável, mas uma batalha diária. E para muitos é mais fácil fugir dos problemas e esperar uma nova paixão arrebatadora do que trabalhar em cima do amor que já se tem.

1 comentários:

KidsIndoors disse...

concordo plenamente...o amor é construido, conservado e 'aquecido' diariamente!