Cuidado com as comédias românticas

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Do blog Nem Lolita Nem Balzaca:

Costumava encontrar com muita frequência a Ninha, amiga da minha mãe, nas salas de cinema. Volta e meia, a gente se cruzava entre um começo ou um final de alguma comédia romântica. (Sim, eu adoro esses filmes de mulherzinha).

Ninha morreu faz alguns anos, mas sempre lembro de uma frase que ela dizia, brincando, pra mim:

- Tríssia, tu deves parar de ficar vendo esses filmes... Hollywood acabou com a minha vida.

Ela era viúva e jovem - e um pouco dramática também! Dizia que, por causa desse mundo fantasioso da telona, era difícil se encantar com um relacionamento. Ela não queria só mais um beijo de alguém. Queria que, ao ver o homem se aproximar, o cabelo tremulasse ao vento, em um dia ensolarado, ele chegasse lentamente, inclinasse o corpo sobre ela e, aí sim, a beijasse.

- Mas isso não acontece na vida real - sentenciava.

Agora, acabo de ler que pesquisadores escoceses, da Universidade Heriot-Watt, constataram que as comédias românticas made in Hollywood podem prejudicar as relações amorosas, porque criam expectativas muito altas nos parceiros.

Segundo os estudiosos, que são psicólogos, esses filmes transmitem uma falsa sensação de relacionamentos perfeitos e criam desejos nada realistas. Como os argumentos são, quase sempre, pouco plausíveis e os finais felizes bem improváveis, o processo de encantamento também é encurtado e dá impressão de ser esse o ritmo natural de entendimento entre todos os parceiros do universo.

Uma das conclusões que esses especialistas chegaram foi de que aqueles que costumam assistir a esse gênero reclamam mais de uma falta de comunicação eficaz com seus parceiros. Seria reflexo da ideia de que, em uma relação perfeita, é o próprio companheiro quem deve se encarregar de prever todas as necessidades do outro.

Ok, isso parece um exagero. Só que alguns são mais influenciados do que outros pela forma com que a TV ou o cinema retratam os amores e desamores. E a ideia de que é necessário investir tempo e energia em uma relação não chega a ser popular entre os cineastas hollywoodianos.

Os filmes até refletem a emoção que acompanha uma nova relação, mas dão a entender erroneamente que a entrega amorosa e a confiança acontecem desde o momento que duas pessoas se conhecem - quando, na verdade, às vezes vão sendo descobertas com as delícias da convivência diária.

1 comentários:

Gabriela disse...

Eu disse!
Eu já sabia!