Revisando 2008

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos direto no sentido contrário."
Dois mil e oito foi um ano de altos e baixos. Picos não tão altos, mas vales profundos. Mudanças radicais em alguns aspectos, convicção irredutível em outros. Mas a essência não muda.
Foi a estação das Trevas, tentando ajudar a pessoa amada a superar a depressão. Foi o inverno do desespero, quando a pessoa amada não percebe a tristeza batendo à minha porta. É muito fácil se perder nos próprios problemas e esquecer daqueles que sempre estiveram ao seu lado. Pra quem está perdido, qualquer caminho serve, até abandonar o companheiro de jornada. Resolver problemas requer vontade e paciência, enquanto que fugir exige muito menos.
Tinha tudo diante de mim: a minha família, a minha casa, as minhas gatas. E surgiu a oportunidade de colocar em prática um projeto para fugir do meio acadêmico. Em um mês, montar uma empresa na cabeça e jogar pro papel. Um mês de pesquisa, trabalho mental e dedicação exclusiva para o que seria o nosso projeto de vida: trabalhar com Física fora da universidade. Extenuante, estava mentalmente esgotado no dia da entrega do projeto. Feliz, realizado, cansado, me atirei na cama. Íamos todos direto para o Paraíso.
Então veio a decepção, a faca nas costas, o soco direto no rim. Da pessoa que mais se ama vem o golpe, a falta de respeito, de consideração. Tínhamos nada diante de nós, o respeito, o companheirismo, o projeto de vida, a família, tudo se foi. Íamos todos direto no sentido contrário. Apesar de tudo, eu saí de casa. De um apartamento de dois quartos, para um quarto de 3x4, na casa dos pais. Metade das roupas doadas, metade das coisas abandonadas, a serem negociadas depois.
Um abraço paterno, um carinho materno: "Teu lugar é aqui." Dias difíceis, noites intermináveis. Amigos insuperáveis. Irmãos fantásticos.
Se é pra seguir em frente, então vamos adiante. Concentração no doutorado, ainda que meio desmotivado, na empresa, agora como sócios, e em mim. Musculação todo dia de manhã, caminhadas durante a tarde. Exercício físico é importante, muito bom e vicia. Em cinco meses, dez quilos a menos, passando de dez minutos de corrida leve para trinta de corrida.
Parei de ir todo dia pra UFRGS também. O ambiente de lá não estava me fazendo bem, todo mundo trancado em suas salas com as janelas fechadas, fazendo o estritamente necessário pra cumprir seus deveres. Acho que ficar em casa, de frente para uma janela aberta para o céu azul, seria muito mais inspirador pro meu trabalho. Além da comida da mamãe. Não digo que abandonei, mas certamente negligenciei alguns amigos ficando em casa. Mas esses bons amigos entendem.
E falando em bons amigos, a grande surpresa do ano foi uma nova amizade. Bem, quem acompanha esse blog ou o meu orkut sabe de quem estou falando. A Gabi virou uma grande amiga mesmo, parceira, divertida, show de bola. Embora muita gente ainda duvide de uma amizade entre sexos opostos, é assim mesmo. Me ajudou em momentos que precisei, foi minha confidente, me acompanhou pelo processo. Além dos divertidos inúmeros eventos que fomos ou inventamos, desde corrida no calçadão de Ipanema até leituras de Simões Lopes Neto depois de um bom vinho. Virou minha parceira de dança, desde a salsa até o pagode (quem diria?).
Cultura também foi uma parte importante desse ano. O blog de minicontos está bem divertido, prestes a fechar nove meses no ar. Também estou gostando das minhas fotografias, embora o pessoal ande comentando que coloco fotos demais no meu orkut. A máquina que comprei esse ano ajuda bastante, mas ainda tenho muito que aprender. Voltei a freqüentar o cinema, além dos filmes em casa. Seriados continuam aparecendo no meu computador. E a minha estante nova já está pequena para os meus livros, embora não tenha comprado nenhum na Feira desse ano.
Ainda não falei das aventuras das férias do início do ano, mas acho que perdeu um pouco do brilho depois dos acontecimentos recentes. Mas repetirei a dose quando possível, mesmo que sozinho.
Quanto à empresa, estamos na Incubadora de Empresas da Física e acabamos de ganhar um prêmio na Maratona de Empreendedorismo da UFRGS. Eu, meus dois sócios e minha sócia. Estritamente profissional. Mas a empresa tem um futuro bem promissor.
Quanto a relacionamentos, vamos ver... Tenho os melhores amigos que alguém pode querer. Tenho uma família carinhosa e com dois sobrinhos muito queridos. Fiz algumas novas amizades, a maioria femininas. Até tive uma "amiga" um pouco mais colorida, mas eu não estava pronto pra isso ainda. Muita coisa passando pela cabeça, talvez até tenha traumatizado um pouco a menina...
Muita coisa aconteceu em dois mil e oito, e o texto ficou longo mesmo. Começou com a estação das Trevas e o inverno do desespero, mas, depois da primavera da esperança, está chegando a estação da Luz. Talvez tenha sido o pior dos tempos, mas o melhor ainda está por vir. Que venha 2009.

3 comentários:

Michelle Wendling disse...

Lindo, lindo, lindo!!!

Gabriela disse...

Guigo, eu tb estava revendo os acontecimentos desse ano, e sem dúvida alguma a nossa amizade foi, de verdade, falando muito sério, a MELHOR coisa que me aconteceu em 2008. Muito, muito obrigada pelo teu respeito, dedicação, carinho, cuidado, alegria, compreensão, danças, companheirismo, ouvidos, colos, silêncios, entusiasmo, bah, sem palavras pra descrever o que preenche e realiza nosso convívio. Feliz daqueles que te têm ao lado agora! E eu sou uma dessas pessoas! Sou feliz!!
Querido, 2009 nos espera!
Beijo imenso cheio de carinho. Te adoro.

Rê Moreira disse...

Muito boa a retrospectiva...as trevas só aparecem para nos ensinar a viver a reconstrução!
Feliz 2009!!!

beijos